a aula de hoje me despertou uma vontade de escrever sobre algo diferente: o vazio. não digo nada sobre vazio existencial, ligado aos sentimentos, mas sobre aquele vazio que assusta, que dá medo, que nos faz repensar o caminho que estamos dando à nossa vida. é sobre a incapacidade de criticar criticamente. sobre a dificuldade em compreender que o mundo vai além da internet e que, por favor, a expansão do acesso à televisão e à web não significa MESMO a democratização da informação. é sobre a necessidade que temos de parar (urgentemente) e refletir sobre o que estamos fazendo com nossos cérebros.
vou falar dos estudantes de jornalismo por dois motivos bastante relevantes: sou um deles, convivo com eles diariamente há quase três anos, e acredito que, devido à função que vamos exercer, caberia a nós possuir uma bagagem maior de conhecimento antes de sair por aí falando asneiras infundadas. acompanho a cada início de semestre o trote de boas-vindas que os veteranos dão aos seus bixos. conforme estes vão avançando no curso, temos a oportunidade de nos conhecermos. observo em cada um deles características muito interessantes. em sua grande maioria, são pessoas com um nível social mais elevado do que boa parte da sociedade. são relativamente críticas, mas sempre têm aqueles que sobressaem aos outros, é claro. são admirados pelas pessoas porque passaram no vestibular de uma das melhores e maiores universidades do país. o problema é que algumas coisas já estão cristalizadas na nossa sociedade. não é tudo culpa nossa, eu sei, e não é isso que eu quero dizer. mas me assusta quando percebo que essas pessoas que teriam tudo para serem mais esclarecidas estão presas nas masmorras da ignorância. não digo ignorante de maneira agressiva, mas sim no sentido de desconhecer assuntos importantes. me assusta que estudantes de comunicação sejam tão alienados do mundo real. desconhecer certos assuntos que não nos competem não é grave, mas desconhecer aqueles que dizem respeito à nossa própria profissão é inaceitável. como queremos ser jornalistas se sequer sabemos os nomes dos jornalistas de maior destaque do nosso próprio estado?
nessa ebulição de internet, advento da web, informações transbordando por todos os lados, novas mídias etc., etc, vivemos um caos informacional velado. "lemos" muito, aprendemos pouco (basta pensar em quantos sites você já acessou hoje e do que realmente lembra ter lido até o fim). aliás, transferimos nossa memória para fora do corpo. parece que esquecemos que precisamos ter memória. as novidades são a cada dia mais intensas, mas não sabemos aproveitar isso tudo de maneira inteligente. isso se deve, é claro, porque o 'sistema nos faz assim'. passamos o dia dando mil 'clicadas' na internet, mas o que realmente absorvemos de tudo isso? quantos livros interessantíssimos deixamos de ler porque perdemos horas e mais horas em frente a um computador fazendo nada de útil? o exercício da aula de hoje foi algo bastante bobo, mas que revelou o grau de mediocridade em que estamos todos inseridos. perdemos a referência, aquele caminho que nos leva à verdade das coisas. não há mais um norte que nos guie. estamos flutuando em mundo que avança a passos largos sobre nós. somos, a cada dia, engolidos um pouco pela cultura da mediocridade que nos envolve e conduz. lemos o jornal e não nos questionamos. perdemos a capacidade do senso crítico. somos a sociedade da preguiça mental generalizada.
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