É engraçado como se tornou fácil ser famoso hoje. Basta se envolver em algum caso de grande repercussão – positiva ou negativa – para que você seja lançado ao estrelato.
Em outubro de 2009, um caso chamou a atenção. A estudante de Turismo Geisy Arruda foi hostilizada pelos colegas da Uniban, interior de São Paulo, por um motivo bastante curioso: o seu vestido era curto. Bastante curto, conforme algumas opiniões. Não importou o fato de a moça ter as curvas avantajadas, ser loira e atraente (para alguns, isto é), os colegas não pouparam a pobre estudante e a ‘represália’ à menina do vestido rosa-choque tomou proporções surpreendentes. Na época, o caso dividiu opiniões. Enquanto alguns condenavam a atitude dos estudantes, achando-a absolutamente moralista e preconceituosa, outros apoiavam, alegando que a roupa da jovem realmente não era adequada para usar em um local como a sala de aula – estava mais para uma festa ou qualquer lugar que se permitisse vestir roupas tão “ousadas”, diga-se de passagem.
Em novembro de 2009, a Universidade anunciou a expulsão da jovem da instituição, alegando o “desrespeito a princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”, mas revogou a decisão dois dias depois. A estudante, no entanto, decidiu que não retornaria à Uniban. Hoje, um ano após o ocorrido, a faculdade foi condenada a pagar indenização por danos morais de R$ 40 mil à ex-aluna.
O que de fato espantou nesta história toda não foi nem a rebelião moralista dos colegas da jovem (veja o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=5zKWQW_CADw&feature=related), mas como a ‘vítima’ se transformou em uma estrela literalmente da noite para o dia. Após o episódio que a tornara conhecida nacionalmente, a estudante, que foi humilhada, maltratada e agredida moralmente, foi musa de videoclipe de pagode e de rap, capa de revista, participou de vários programas de televisão e inclusive anunciou que iria leiloar o vestido – sua marca registrada – e a calcinha que usava no dia polêmico. Também fez cirurgias plásticas, ganhou aplique loiro no cabelo e foi uma das atrações no Carnaval de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Claro que não é culpa da Geisy Arruda todos esses holofotes em cima dela. Afinal, ela foi vítima. O que é incoerente é a maneira como essa moça de origem humilde de São Bernardo do Campo usufruiu do episódio como uma forma de alavancar sua vida. Mesmo tendo o direito de retornar à Universidade, ela não voltou a freqüentar às aulas. Mas quem precisa de um bom português e de uma formação de nível superior quando se é uma celebridade, não é mesmo? Geisy quer mais é aproveitar seus duradouros 15 minutos de fama, que agora serão potencializados graças ao convite que a loira recebeu para participar da A Fazenda, programa da Rede Record.
Enquanto a ex-estudante de hotelaria – agora também empresária, depois o lançamento da sua grife, a Rosa Divino – fica confinada na casa mostrando seu belo bumbum na piscina e lutando para ganhar o prêmio de R$ 2 milhões oferecidos ao vencedor, sua defesa no processo movido contra a Uniban continua batalhando pelo pagamento de R$ 1 milhão exigido pela (ambiciosa) cliente.
Apesar de dizer que não gosta de falar sobre o assunto e que a lembrança do episódio ainda lhe traz muitas mágoas, Geisy não parece se importar em relembrá-lo quando a finalidade é injetar mais alguns zeros na sua conta bancária. Ela até promete contar o caso em detalhes em uma biografia polêmica (aguardemos!!). Oportunismo? Capaz. É só uma pobre garota que gostava de usar vestido curto e que sofreu com os colegas conservadores e moralistas.
(texto feito para a disciplina de Webjornalismo 2010/2, Fabico -UFRGS, e 'adaptado' para essa postagem)
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